sábado, 8 de janeiro de 2011

O Seu Olhar




O Seu Olhar

D Bm7 G E∕G A7 D
o͡ + o͡ + o͡ + o͡ + Solo gaita 1
6 -6 6 -6 6 6 -7 -6 -7 -6

D F#m G
Percorrer estrelas em noite de luar
E∕G
E me perder nas curvas
A7 D
do céu em seu olhar
F#m G
Dizia o poeta: é preciso navegar
E∕G
Por sonhos mais distantes
A7 D
Terras do além-mar

D Bm
Nosso amor navegando
F#m
Sem olhar para trás
G
Quando eu oceano
D
O seu olhar é cais

D Bm
Flores da nossa terra
F#m
O seu olhar me traz
G
Nesses dias de guerra
D
O seu olhar é paz

Solo Gaita 1

D F#m G
Nascer, em seu olhar, o amanhecer
E∕G A7 D
Colore os caminhos do meu dia
D F#m G
Expõe outras lindas, suas formas
E∕G A7 Bm7
Me mostra onde está a poesia

Bm7 F#m
Você, o que eu preciso
G E∕G A7 D
Viver, não é preciso
D F#m
Ondanear ao bel sabor
G
O Destino é um menino
Gº A7
Brincando na imensidão azul do mar

D Bm
Nosso amor navegando
F#m
Sem olhar para trás
G
Quando eu oceano
D
O seu olhar é cais

D Bm
Flores da nossa terra
F#m
O seu olhar me traz
G
Nesses dias de guerra
D
O seu olhar é paz

Solo Gaita 1

Solo Gaita 2 - sobre a melodia do refrão

-7 -7 -7 -7 6 5
6 6 6 6 5 4
6 6 6 6 5 6
6 6 6 6 -6 6




Créditos

Música e letra de Pedro Paula. Utilizando gaita diatônica Hohner Golden Melody Tom G, suporte para gaita, violão Yamaha NTX 700. Gravado no programa Debut, num notebook LG R440. A imagem está fora de sincronia com o som devido à baixa resolução da WebCam do micro. Futuramente, gravarei em suporte de mais qualidade.


Comentários do Autor

A letra da música "O Seu Olhar" faz referência a dois grandes poetas da língua portuguesa: Luís Camões e Fernando Pessoa. O primeiro foi o cara que nos mostrou que a figura de linguagem que melhor descreve o amor é o paradoxo, em "Amor é fogo que arde sem se ver"; enquanto o segundo, colocou a navegação como metáfora para a criação poética. Disponibilizei os textos no fim do post, para ilustração.

O Eu Lírico da canção enxerga o mundo através dos olhos de sua amada. Como se os olhos dela pudessem re-transmitir a sublime sensãção de nos deparar com o céu estrelado, ou a lua, o nascer do sol, o mar; enfim, os fenômenos naturais que nos encantam por sua grande beleza e nos fazem sentir parte de um universo maior, que perpassa nossa existência e nos conecta com todas as outras criaturas capazes de compartilhar conosco essa coisinha insignificante que é a vida.

Em "Dizia o poeta: é preciso navegar por sonhos mais distantes, terras do além-mar", há uma referência direta à frase que Pessoa tornou famosa. Navegar é uma boa alegoria para os relacionamentos afetivos. Navegar rumo ao desconhecido, sujeito à imprecisão do acaso, é algo que nos assusta tanto quanto colocar o status de casado no orkut ou uma aliança nos dedos. Os navegantes são pessoas que nunca podem se deixar prender pelos seus medos.

No refrão, busquei palavras que soassem suavemente, enriquecidas com artifícios como a transformação de "oceano" em um verbo: "Quando eu oceano, o seu olhar é cais". Seria bonito, este verbo, "oceanear". E foi justamente ele que me inspirou a colocar "ondanear" no início da última estrofe. Também busquei fazer um jogo de palavras que soasse belo e simples, utilizando uma figura de linguagem conhecida como “Paranomásia”, a repetição de sons semelhantes em palavras com significados diferentes, como nas rimas “trás(advérbio) ∕ cais ∕ traz(verbo) ∕ paz”. As duas antíteses que encerram os versos do refrão em “Quando eu oceano, o seu olhar é cais” e também em “Nesses dias de guerra ∕ O seu olhar é paz”, mostram que o casal tem atitudes opostas que, porém, terminam por se completar na relação. Conforme o paradoxo amoroso do velho Camões: como um sentimento tão contrário a si mesmo pode constituir o mais pleno vínculo afetivo entre as pessoas?

Em “Ondanear ao bel sabor”, continuei meus neologismos com inspirações Brownlescas (tipicamente baianos e atrevidos), utilizando o começo de uma expressão como bel prazer (vontade própria, livre arbítrio) para recriá-la como “bel sabor”, como se o rumo da nossa vida navegante fosse uma mistura entre a nossa vontade e o sabor das águas, para onde as ondas nos levam.

Por fim, uma tentativa de criar uma bela imagem na cabeça do ouvinte: “O Destino é um menino brincando na imensidão azul do mar”, onde há inclusive uma variação à sétima na melodia que enfatiza o tom dramático dessa passagem. E afinal, se existem meninos chamados Justino, Aurelino e Firmino, porque não chamar o garoto brincando na imensidão sublime do mar, garoto este que é também o filho mais puro do amor entre as pessoas, de Destino?




Textos citados:

Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões


Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase,
transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Corpos ao solo
Rosto no colo
Mão nos cabelos a deslizar
Abre o botão
Fecha os olhos
Vem, menina
Vem me ninar

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Sopa de Letras

Preparei uma sopa com meus melhores discos
Para sentir o sabor das palavras de Chico

Caetano Velou presságios da Música Popular do Brasil
Repique nervoso, pandeiro ágil
SuinJorge Ben com Gilberto Agiu