terça-feira, 25 de março de 2008

sacizeiro

sou um homem consciente de minhas fraquezas


um homem que levanta o próprio peso no supino


e desaba, ofegante, fodido por uma buceta





sou a alma que caminha, sozinha,


à meia-noite vazia da cidade


e deseja evaporar


sofrer uma mudança metafísica de estado


subir e desaparecer no ar


como a fumaça do meu cigarro





um sacizeiro me pede um real


desespero e vício encarnados


lhe dou três carltons


e ele me abraça como a um velho amigo


o sacizeiro vai embora feliz, e eu, vivo


após mais um encontro com a morte e a poesia





nunca encontrará o real prazer


quem vacilar diante da vida


viver é chupar a buceta de uma puta recém-fodida





. poema inspirado pela leitura de "O amor é um cão dos diabos", de Charles Bukowsky. observação: sacizeiro é uma gíria utilizada em Salvador para designar os fumadores de crack e remete ao saci, personagem folclórico que aparece sempre retratado com um cachimbo à boca.

2 comentários:

MeninaDoMato disse...

Namoral amigo, esse final foi nojento!!!!! Inhecate!!!
Dia 18 to ai viu!!!
Bjo bjo bjo

O Neto do Herculano disse...

A cidade é dos sacizeiros.